sábado, 17 de abril de 2010

Multímetro: adendo


Só prá ficar mais claro...

PS: Prá testar cabos, nem precisei me dar ao trabalho. Esse tutorial da Paula tá demais:
Pauleiraguitars.com - Cabos: Tutorial

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Multímetro para guitarristas


 (obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)


         Antes de falar das Fender, um intervalo de utilidade musical... Não entendo nada de eletrônica e nem de física, mas vou passar 3 dicas essenciais de uso do multímetro.
Primeiro, precisas comprar um. Desses digitais baratinhos, que nem o meu, que custou 22 reais. Vamos usá-lo para (1) medir a resistência (entenda como saída, para simplificar) de captadores, (2) checar a carga de pilhas e (3) o valor real de potenciômetros:


 

Multímetro: Captadores

A resistência é medida em ohms. 1000 ohms: 1 Kohm. Coloque o seletor na posição da foto e faça o contato das agulhas ("sondas" preta e vermelha) com os dois fios dos captadores. A ordem não é importante. Qualquer agulha em qualquer fio. A resistência dos captadores pode ser medida nos terminais dos fios de cobre, nos fios de ligação do captador ou, se o captador já estiver instalado, através do jack do cabo (qto mais curto o cabo, melhor). Veja:

Nos terminais dos fios de cobre:



Nos fios de ligação do captador:



No jack do cabo:


Obs: Quanto mais fio é colocado entre o captador e o ponto de medição, menor é o valor obtido (o fio aumenta a impedância, diminuindo a saída). Esse é um captador da ponte de uma Fender Strat 97. A saída inicial é 7,74K. Instalado e com um cabo de mais de 4 metros, por exemplo, com certeza o sinal que chega no amp é menor. Imagine com uma pedaleira enorme no meio... :)
Obs2: Esse multímetro não é perfeito, uma pequena variação pode ocorrer, até devida ao toque dos dedos. Mas dá pra ter uma idéia bem aproximada dos valores.
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Multímetro: Potenciômetros

Pra testar os potenciômetros, eles necessariamente têm que estar com os contatos livres. Não dá pra testá-los conectados.
Coloque o seletor na posição da foto e as agulhas (qualquer ordem) no terminal do centro e num de fora (qualquer um). Se o pot é de 250K (como o da foto), deves ler no multímetro o valor anunciado (mais ou menos 10-15%). Se o pot for linear, ao girar o cursor para o meio, devemos ler a metade (125). Totalmente fechado, o valor deve ser "zero".
Já medi pots supostamente de 500k com 700k - quanto maior o valor do potenciômetro, mais agudo é liberado do captador. Captadores de natureza aguda, como os single coil, geralmente usam pots de 250K. Já os humbuckers, que têm menos agudos, se beneficiam de pots de 500K. Captadores de muita saída (quanto mais fio enrolado, maior a saída e diminuição dos agudos) geralmente requerem pots de 1Mega (1000K).
Fotos - Potenciômetro de 250K:

Volume no "10":



Volume perto do "5":




Volume no "Zero":


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Multímetro: Pilhas

Cheque a voltagem da pilha antes. Pra guitarrista, a quadradinha de 9 volts será a mais testada, mas nesse dia não tinha nenhuma disponível e fiz as fotos com uma de 1,5 volts. Coloque o seletor na posição da foto e a agulha vermelha no positivo e a preta no negativo da pilha (se inverter, o valor mostrado é o mesmo, só que negativo). Se a pilha for de 1,5 volts, deve ter no mínimo 1,45 pra funcionar bem. Dependendo do aparelho pode funcionar até com menos carga, mas não é legal. Pedais que usam pilhas de 9 volts normalmente funcionam até 8,5 volts, menos que isso o sinal degrada demais. A regra para pedais é: menor que 9 volts, troque a pilha ou recarregue.
Por falar em recarregar, pilhas recarregáveis Ni-MH de 9 volts com capacidade igual ou maior que 350 mAh funcionam muito bem com pedais.

Pilha carregada:



Jogue fora (coleta seletiva, please... :) )

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Les Paul Standard 1981



Essa é a minha... Adquirida em 03/2010 na Guitar Garage em Porto Alegre. 100% original. A cavidade de controle nunca havia sido aberta.
É uma LP de 1981, portanto:
1 - É uma "Norlin" (1968 a 1986 - para alguns fanáticos, isso é pejorativo). Não tem os parâmetros exatos das clássicas 58-60, porém é de antes de eles resolverem furar o mogno. E tive muita sorte: o corpo é de mogno em peça única. Peso total: 4,35 kg
2 - Já sem o "volute" na junção do braço com o headstock (perfil grande), mas o braço é de 3 peças de maple (a do meio é invertida - fica muito resistente). Embora seja o braço preferido do Zakk Wylde, o padrão clássico é com uma peça de mogno.
3 - Ainda não averiguei os captadores, mas tudo leva a crer que sejam "T-Tops". O da ponte é muito bom... Quem sabe é um "Tim Shaw"? Quando for trocar as cordas eu vejo...
4 - Ação ESTUPIDAMENTE baixa, com "zero" de trastejamento. Nunca na minha vida vi isso numa guitarra. Humm... a palavra mágica "Gibson"?
5 - Pots CTS 300k, capacitores cerâmicos .022, blindagem com "caixa" de metal. Fantástico! Quero trocar os capacitores e o captador do braço, mas dói pensar em mexer numa guitarra que está original há 29 anos...
6 - O melhor de tudo: foi um presente surpresa da minha esposa! :)



Tava na parede da Custom Shop da Gibson...


8,0 pounds = 3,630 kg
9,0 pounds = 4,0 kg
9,6 pounds = 4,354 kg
10 pounds = 4,536 kg
10,6pounds = 4,808 kg

"R": Reissue. O número seguinte refere-se ao ano: 8:1958 9:1959 0:1960
GT: Gold Top
"B's": São as Custom. BB quando "Black Beauty"... :)

Vai comprar uma LP? Com furos ou câmaras?

O mogno excepcional usado nas décadas de 50 e 60 começou a ficar escasso e durante a década de 70 as peças disponíveis tornaram-se cada vez mais pesadas (ppte em função da absorção de silica do solo - o melhor mogno é o antigo e de solo bem drenado). A solução encontrada pela Norlin/Gibson foi criar furos ou câmaras no mogno. Isso aliviaria o peso (weight relief) e seria imperceptível porque o mogno é coberto pelo top de maple. Toda e qualquer Les Paul Gibson USA produzida entre 1982 - 2007 é "weight-relieved". As únicas Les Paul atualmente com corpo sólido de mogno são as "Custom Shop Historic" e as réplicas de guitarras famosas (Jimmy Page, Billy Gibbons, etc.)
As duas técnicas usadas atualmente são:
Câmaras (chambered body):



ou buracos (9 holes - também conhecidos como "swiss chesse/queijo suiço"), uma série de nove buracos:


A regra é essa. Se tu tens uma Les Paul e queres realmente checar se ela é "weight relieved", podes fazer duas coisas: radiografá-la ou cortá-la ao meio... :)

_______ R7 com mogno sólido__________

quarta-feira, 14 de abril de 2010

PAF, Tim Shaw, J. T. Riboloff e Tom Holmes - Gibson Humbuckers



Um PAF original. É bom saber que nem todos os PAFs são bons. O primeiro cara da Gibson a estudá-los foi Tim Shaw (gerente de pesquisa e desenvolvimento da Gibson), no início da década de 80 e já naquela época ele relata PAFs originais divinos e outros horríveis. Mais mistério ainda...

Captador Gibson TIM SHAW :

Captadores feitos sob a supervisão do Tim Shaw são considerados os melhores depois dos PAFs. Foram produzidos entre 1980 e 1985/86, substituindo os infames "T-Tops" e geralmente equipavam as Les Paul Custom ou séries especiais, mas ocasionalmente apareciam numa standard. Eles recebiam um carimbo característico:


_________Tim Shaw de 1981 __________

Outro cara importante na Gibson foi J.T. Riboloff, que desenvolveu, na década de 90 (com o auxílio do Tom Holmes, o cara que atualmente faz o melhor clone de PAF do mundo, na garagem de sua casa) o captador "57 Classic" (E a Les Paul Classic, que era uma standard muito próxima das vintage). Outra hora eu posto a entrevista em que ele explica o sufôco que eles passaram prá chegar nessa versão...

Um dos melhores links - se não o melhor - sobre PAFs:
Saiba (quase) tudo sobre os "PAF" - clique aqui 

O nível dos detalhes chega a ser assustador. E eu que achava que era fanático por isso... :)

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Pô! Eu tinha arquivada uma entrevista do Tim Shaw... Transcrevo-a:

Whether it was rivalry between plants or increased market awareness, the Nashville plant jumped into the reissue action in 1980. By this time, one of the most glaring deficiencies of new Les Pauls (compared to the originals) was the humbucking pickup. In preparation for its first attempt at a reissue, Gibson assigned engineer Tim Shaw the job of designing a reissue of the original Patent-Applied-For humbucking pickup-within certain restrictions. "This was 1980 and Norlin was already feeling the pinch," Shaw said, referring to Gibson's long decline through the 1970s and early '80s. "We weren't allowed to do much retooling. We redid the bobbin because it was worn out. We got some old bobbins and put the square hole back in. We did it without the T-hole, which stood for Treble."

To replicate the magnets, Shaw gathered up magnets from original PAFs and sent them to a lab to be analyzed. "Most were Alnico 2's," he said, "but some were 5's. In the process of making an Alnico 5, they stick a magnet in a huge coil for orientation, but an unoriented 5 sounds a lot like a 2. They started with Alnico 2 and then switched to Alnico 5."

Shaw discovered that the original magnets were a little thicker than 1980 production magnets. "Magnetic strength is largely a function of the area of the polarized face; increasing the face size gives you more power," he explained. So he specified the thicker magnet for the new PAF.

Wiring on the originals was #42 gauge, which Gibson still used. However, the original wire had an enamel coating and the current wire had a polyurethane coat, which also was of a different thickness or "buildup" than that of the original, which affected capacitance. Norlin refused to go the extra mile-or extra buck, as it were. Enamel-coated wire cost a dollar more per pound than poly-coated. Shaw could change the spec on the buildup without additional expense, so the thickness of the coating was the same as on the original wire, but he was forced to use the poly coat. The difference is easy to see: purple wire on the originals, orange on the reissues.

Shaw later found a spec for the number of turns on a spec sheet for a 1957 ES-175. "It specified 5,000 turns because a P-90 had 10,000 turns and they cut it in half," Shaw said. In reality, however, originals had anywhere from 5,000 to 6,000 turns, depending on how tight the coil was wound. Shaw later met Seth Lover, who designed and patented Gibson's humbucker, at a NAMM show. Lover laughed when asked about a spec for windings, and he told Shaw, "We wound them until they were full."

The spec for resistance was even less exact, Shaw said. The old ohmeter was graduated in increments of .5 (500 ohms). Anywhere between 3.5 and 4 on the meter (3,500 to 4,000 ohms) met the spec. Consequently, Shaw pointed out, there is no such thing as an exact reissue or replica of the 1959 PAF pickup. There can only be a replica of one original PAF, or an average PAF. As Gibson would find out in the early 1990s, the same could be said about the entire guitar.

Shaw's PAF reissue debuted on Gibson's new Nashville-made Les Paul Heritage 80 in 1980. Compared to anything Gibson had previously made (which is to say, compared to nothing), it was an excellent reissue of a sunburst Les Paul Standard. It had a nice top, thin binding in the cutaway, nickel-plated parts, more accurate sunburst finish and smaller headstock, but the body shape, body size and three-piece neck, among other details, were just regular production. It appears that Gibson still didn't understand the demand for an accurate reissue, because Gibson accompanied the Heritage 80 with fancier versions: the Heritage 80 Elite, with an ebony fingerboard that had no relevance to the reissue market (although it did have a one-piece neck) and the Heritage 80 Award, with gold plated hardware that also had no relevance to the reissue market.  

** Em tempo: James T. Riboloff (alguns escrevem Ribiloff) agora trabalha na Samick e tem uma linha de excelentes guitarras chamadas "JTR". Agumas fotos atuais dele (O de cabelos brancos longos e pinta de motoqueiro/roqueiro):


terça-feira, 13 de abril de 2010

LP 59: características



      O tendão de inserção do braço no corpo era longo (long tenon). O contato final do tendão com o corpo era na altura da cavidade do captador do braço e formava a imagem de um sorriso (smile). Quando voltou a produzir as Les Paul em 1968 (parou em 1960), a Gibson aos poucos foi se desviando do conceito original e o tendão foi ficando mais curto, diminuindo o sustain e a ressonância. Durante o período em que a Norlin era a proprietária da marca, houve uma degeneração em várias características, tornando as Les Paul dessa época praticamente um instrumento à parte.

      Vários livros já foram escritos sobre essas Les Paul, as "burst". Foram produzidas cerca de 1.700 guitarras no período de 1958 a 1960. O preço atual de uma 1959 (a preferida pelos colecionadores) original em bom estado, com top bonito, passa dos 500.000 dólares. Se pertenceu a algum músico famoso, como a do Peter Green/Gary Moore, pode chegar a um milhão de dólares... Assustador, mas tudo leva a crer que essas guitarras foram produto de uma conjunção de fatores (madeiras, processos industriais, mão de obra, etc.) que não podem mais ser reproduzidos. O próprio Tom Murphy numa ocasião pensou que Deus só nos permitiu essa chance temporal.
Não vou entrar em detalhes muito técnicos porque pelo menos dois livros fazem isso profundamente, mas o fato é que a Gibson tem tentado, principalmente nos últimos 15 ou 20 anos, repetir a façanha. Até que consegue, esporadicamente, em termos de madeira e construção, mas ainda resta o mistério do som dos captadores da época, os "PAF".
Se o próprio inventor do humbucker, Seth Lover, não conseguiu explicar porque eles soam diferentes dos clones atuais, só podemos continuar conjecturando
Seguem algumas fotos com detalhes interessantes dessas guitarras. Depois volto ao assunto.

PS (02/2012): Eu tenho usado a tradução livre e pessoal de "tenon" para "tendão". A palavra equivalente para tendão em inglês é "tendon" e não "tenon". Tenon deriva da palavra latina "tenir" ou "o que tem/o que segura".
A tradução para o português mais comum é "espiga". Mas tecnicamente, a termo tendão faz mais sentido, pois são os tendões que prendem/ligam os músculos aos ossos. Enquanto um luthier não aparece por aqui e dá uma mão na terminologia, fico com essa mesmo... :)

O "Cálice Sagrado" das guitarras...



Sendo basicamente um cara "Telecaster", eu bem que gostaria de começar com as minhas Teles 1968 e Custom 74, mas não tem como deixar o "holy grail" prá depois... Tô falando da Les Paul 59, que, até prova em contrário, é a melhor guitarra já construida. Vou colocando fotos e falando aos poucos das características e dos mistérios que cercam essa obra-prima...

Introdução

Existem diversos sites e blogs técnicos sobre o mesmo assunto, mas aqui vamos nos ater à perspectiva do guitarrista que gostaria de conhecer mais sobre seu instrumento para poder compreendê-lo e apreciá-lo na íntegra.