terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Telecaster de Freijó: Demo

Paulo May

(obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)


         Tá cada vez mais difícil fazer vídeos de demonstração aqui em casa... Primeiro porque tenho a firme convicção que demos de equipamento podem ser uma faca de dois gumes - se forem mal feitas ou inadequadas, podem passar uma ideia completamente diferente do equipamento. Tenho horror às demos com áudio de câmeras.
Assim, tive que achar um tema interessante, que pudesse demonstrar as sonoridades clean e saturada de todos os captadores, acrescentar acordes, solos (e eu não sei e não gosto de solar), double stops, arpejos, etc...

Pra completar, o tripé que eu usava pra posicionar a câmera sumiu... Gravei o áudio e ia postar somente ele, mas na última hora chamei minhas filhas de 8 e 5 anos pra segurar a câmera e fiz um playback improvisado, só porque acho importante ouvir e "ver" a guitarra sendo usada.
O áudio tá legal e o vídeo, razoável, mas dá pra postar :)



          Essa é aquela Tele de Freijó (clique para saber a história) que eu quase joguei fora porque na primeira configuração soou muito mal. Depois de fazer um suposto "downgrade" ela soou muuuito bem, excelente na verdade. Essa guitarra vai ficar como prova de que não existem certezas na timbragem de uma guitarra e muitas vezes, o preto é branco e o branco é preto, só pra sacanear com a gente :)

O tema é um blues/rock improvisado, loop de bateria, baixo Fender Jazz Bass (com captadores Rosar) tocado. As simulações são todas do Amplitube - base saturada: Orange Tiny Terror, base clean: Vox AC30, Solo: Marshall Slash. Gravado e mixado no Sonar.

PS: embora tenha ficado (agora) com um timbre excelente, não recomendo o Freijó para setups clássicos, com singles de baixo ganho na ponte. Pontes não ferrosas pioram ainda mais... Na primeira configuração, que é perfeita com corpos de alder e ash, o Freijó soou meio sem vida, com médios graves embolados. Nessa configuração, que acentua os médios mais altos e tira um pouco dos graves, deu certo. Pura sorte... :)

Especificações da Guitarra
Corpo: Freijó, 3 peças, feito pelo Adriano, da RDC guitars, de BH (CLIQUUE)
Braço: Maple, "C". FR: D#
Escala: 251/2", Jacarandá, Raio: 12". Nut: sintético/plástico
Tarraxas: Grover Mini Rotomatics
Captador Ponte: Sérgio Rosar Twin Vintage (dual blade) (Clique para especificações)
Captador Braço: Samick antigo, rebobinado pelo Sérgio Rosar com fio 42: 5,9k
Pots e capacitor: pots 500k, capacitor MojoTone  foil/film  0.022uf
Ponte: chinesa genérica de zinco, com 3  saddles de zinco



quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Alto Falantes Parte 2: experiências pessoais.

Oscar Isaka Jr.

(Cena do filme "De Volta Para o Futuro" - exagerado, eu? Rsrs)

          Rapaz, esse é um assunto que eu descobri recentemente durante meus experimentos com falantes e amps. Sem bater na mesma tecla do Paulo, o falante e o amp têm que ser um casal tanto quanto uma guitarra e seus captadores. Quem aqui nunca tocou numa guitarra que tinha um JB Seymour por exemplo soando estridente e aguda e o mesmo JB numa outra guitarra soou encorpado e bonito? Cito o JB pois é o mais popular modelo de captador e 90% dos guitarristas já tiveram um caso de amor e ódio com ele (eu inclusive) rs!!
Meu ponto é que quando tocamos no assunto de falante e amp é a mesmíssima coisa.
A primeira pergunta que vem à cabeça é sempre qual o falante certo pro meu amp  A resposta é meio clichê também, depende do som que vc procura mas existem alguns cuidados a serem tomados para que a busca não se torne infinita.

O primeiro ponto é avaliar qual a sonoridade que se deseja, sendo British ou American os pontos de referência mais fáceis. É comum associarmos como Drive (British) e Clean (American) tomando como referência os clássicos Marshall e Fender mas não é 100% o que acontece na prática, pois temos exemplos de sonoridades British Clean (VOX, etc) e American Drive (Mesa, Soldano) tão clássicas quanto nos dias de hoje. Saber qual a referência é sempre um primeiro passo buscando entender qual o seu som, aquele que agrada mais seus ouvidos.

         Se quero uma sonoridade Van Halen devo procurar um amp com características de Marshall e falantes na linha dos Celestion GreenBack. Se busco a sonoridade pesada do Metallica, os amps MESA e afins são o caminho. Se quero os cleans de Manhatan de Eric Johnson vou de Fender e assim por diante. Praticamente todo o resto dos amps modernos é baseado nos 4 clássicos mencionados pelo Paulo Fender, Marshall, VOX e Mesa.

Dito isso, vou postar alguns comentários sobre falantes que já tive experiência nos amps com os quais tivetestei. Vou tentar ser o mais abrangente possível a fim de sanar qualquer dúvida que possa surgir nesse assunto tão vasto e complexo, mas extremamente fascinante! Novamente, as opiniões abaixo são pessoais e obtidas a partir dos testes que fiz nos meus amps. Ok? -)



Eminence Legend 1258
Eminence Legend 1258 - Desenvolvido em conjunto com a Fender, foi o falante padrão nos amps da série HotRod (Hot Rod Deluxe, Hot Rod Deville, Blues Jr etc), muito populares pelo seu custobenefício. Segundo a própria Eminence ele foi feito para reproduzir a sonoridade dos falantes Vintage de Alnico num falante moderno e de menor custo de produção. Sua sonoridade tem médios e graves mais amenos com bons detalhes de agudos mas que em alguns amps podem soar meio estridentes.

Fender Hot Rod Deluxe

No HotRod Deluxe e no Deville soam muito bem com aquele som Fender clássico, pois esse amps têm graves fortes e agudos mais redondos. Já no Blues Jr (o pretinho normal) tende a soar mais agudo. Nunca gostei do Legend 1258 em outros amps que testei - parece ter sido feito pra linha Hot Rod mesmo.
Custo médio: R$250,00- R$300,00





Eminence Legend GB128
Eminence Legend GB128 - Outro da série custo/benefício, foi desenvolvido para ser uma versão do Greenback com mais potência. Os Celestion Greenbacks originais têm cerca de 30W cada um e por isso precisavam ser usados em 4x12 para dar os 120W dos cabeçotes Marshall da época.
      Celestion Greenback:

O GB128 entrega aquele médio woody do GreenBack com uma boa dose extra de graves o que o torna um ótimo falante pra combos e gabinetes 1x12 ou 2x12. Os médios são bem mais presentes que no 1258 e os graves mais secos o que faz o GB128 cortar muito bem num mix de banda, além de ter um custo benefício incrível pelo que entrega. Não é a toa que alguns fabricantes nacionais de amps os oferecem como padrão. Soam bem com quase qualquer amp para sonoridades mais clássicas, seja no clean ou com drive. Na minha opinião só não rola muito com estilos mais agressivos pois soa redondinho demais. Fora isso é pau pra toda obra além de ser talvez o melhor custo benefício hoje no Brasil.   Custo médio: R$250,00- R$300,00





Celestion Vintage 30 (G12V30) 
Celestion Vintage 30 (G12V30) - Unanimidade entre os fãs de Rock e Metal o V30 nasceu no auge dos anos 80 e junto com o JCM800 praticamente estabeleceu o timbre RockMetal moderno. Com uma linha de médios proeminentes e cheios ele soa gordo com praticamente qualquer drive sem perder a definição. Desde o Rock Clássico até o metal mais pesado o V30 é tiro certo quando se trata de som saturado. Soou maravilhoso com o clone do Marshall Silver Jubilee (original na foto abaixo) que eu tive
Minha única crítica está nos graves que podem soar soltos demais comprometendo aquele estalo nos bordões nos sons semi-clean e clean e por isso não gsotei dele no Blues Jr, onde os graves perderam a definição completamente soando bem somente quando bastante saturado. Por essa razão normalmente usa-se o V30 combinado com um outro falante que tenha graves mais firmes para complementar como o G12H30 . No meu Mark V combo, o V30 soou muito bem em 90% das settings, mas em alguns sons ele apresentou uma leve sobra de agudos, Como disse, depende muito do amp !Custo médio: R$600,00- R$700,00






Celestion Heritage 30 (G12H30)

Celestion Heritage 30 (G12H30) - Tem graves bem mais amplos e firmes que o V30 assim como uma extensão maior de agudos e BEM menos médios. Não é a toa que complementa perfeitamente o V30 e vice versa. Se o V30 soa meio anasalado e gripado demais pra vc, o G12H30 pode ser exatamente o que vc precisa. Pra mim o ponto alto do G12H30 é a definição, ele parece ter algo nos médio agudos que deixam a palhetada extremamente evidente e de certo modo até agressiva. Se vc acha seu amp meio abafado quando toca com o Humbucker do braço da sua LesPaul, talvez o Heritage possa dar uma ajuda pra abrir o som. -)


Nunca toquei com o Heritage sozinho, mas no post que tem o vídeo do teste da minha R9 o Orange Rockerverb 50 está plugado num Heritage junto com um Celestion Alnico Blue. O Alnico Blue encheu os médios e deixou tudo perfeito pro Rockerverb!! QUE SOM!
Custo médio: R$600,00- R$700,00

A combinação de alto falantes com sonoridades diferentes numa mesma caixa é outra variável do complexo universo da timbragem. Em gravações, não é incomum o engenheiro colocar um microfone para cada falante e gravar dois canais, que podem ser somados ou colocados em estéreo na mixagem:







Celestion Alnico Blue
Celestion Alnico Blue -  Um dos mais clássicos falantes da Celestion, os Blue são sinônimo da sonoridade VOX pois equipavam os AC15 e AC30.
Falantes de Alnico tem resposta um pouco diferente dos Ceramicos atuais com um som mais macio no espectro geral. Os graves são mais soltos (mas não embolados) os médios e agudos amplos e macios sem soar estridente quase nunca.
É o chime do Vox AC30 que todos falam e é muito difícil de se conseguir num falante cerâmico, ser agudo sem ser estridente. Soa muito bem saturado e com meu Fender 57 Amp soa muito muito bem. No Rockerverb tbem soou divino combinado com o G12H30 mas sons Cleans não são seu forte. Ele distorce cedo.
Custo médio: R$900,00- R$1200,00










Eminence RedCoat The Wizard

Eminence RedCoat The Wizard - Parte da linha Britânica da Eminence, o Wizard foi concebido com base no G12H30, ou seja, graves e agudos amplos, excelente definição sonora e tudo aquilo que eu já citei acima. A diferença pra mim é que o Wizard tem um pouco mais de médios que o G12H30 e por isso soa um Q mais agressivo. Usei um tempo ele sozinho na minha 1x12 e tinha uma relaçào de amor e ódio com ele de acordo com o somampo que usava. Por exemplo, com o Marshall Silver Jubilee clone que eu tive soava horroroso sozinho tanto no clean como no drive, um som aberto demais, agressivo nos agudos, embolado nos grades e sem médios. Contudo soou perfeito no HotRod Deluxe Edição limitada que toquei numa loja nos EUA durante a Saga das R9 do Paulo. Talvez tenha sido o melhor falante pra esse amp que eu já ouvi. Deu muita versatilidade e um calor a mais nos médios do Hot Rod Deluxe.
Custo médio: R$350,00- R$450,00






Eminence Red Coat The Governor

Eminence Red Coat The Governor - Novamente a versão da linha britânica da Eminence para os famosos Celestion V30  e realmente soa com uns 80% de similaridade, com a diferença de ter mais médio graves e menos agudos. Isso faz com que ele soe ainda mais cheio e redondo que o V30, especialmente em amps onde a tal ponta de agudos que mencionei é percebida.

No Mesa Boogie Mark V Combo ficou espetacular em todos os settings, pro meu gosto. Ficou menos agressivo e deixou o timbre todo mais redondinho e bonito sem perder a característica do Mesa. No entando se o amp já for meio macio na sua natureza o Governor pode abafar um pouco as coisas. Novamente funciona muito bem combinado com os agudos mais extensos do Wizard.
Custo médio: R$350,00- R$450,00






Eminence Patriot Texas Heat
Eminence Patriot Texas Heat - Uma proposta interessante da Eminence de fazer um falante com sonoridade American mas com médios mais proeminentes para esquentar um pouco o som dos amps Fender. Deu certo.
O Texas Heat é exatamente isso, graves robustos com aquela profundidade Fender e agudos mais redondinhos (características extremamente American) com uma pitada de médios que deixa o som LEVEMENTE mais gordo nos drives. No Blues Junior ficou simplesmente absurdo praquela sonoridade semi-clean que é o forte dele, deixando os graves mais definidos e os médios com um toque de agressividade e definição.


No Fender Deluxe Reverb também soou muito bem. Não é a toa que os caras da Tone Quest Report declararam que o Texas Heat melhorou quase todos os amps em que eles o testaram. Só pra constar a versatilidade do mesmo, Dimebag Darrel usava 4 Texas Heat nos seus gabinetes 4x12 (os amps eram geralmente Randall) com o Pantera... Preciso dizer mais? Rsrs!
Custo médio: R$350,00- R$450,00


OUTROS CELESTION:

Celestion Seventy 80 -  Equipa muitas caixas de diversos fabricantes modernos por sua maior extensão de frequencias. O Seventy 80 é pra mim o sinônimo do CRUNCH britânico, com graves contidos para não embolar e uma linha de médio-agudos mais agressiva. Pra hard Rock anos 80 e timbres mais "High-gain não tem erro, mas pode soar um pouco agressivo demais em drives mais leves e com pouco "headroom" nos timbres limpos. Se empurrado com um pouco mais de força dirtorce fácil. É uma boa opçào custo-benefício para quem quer um amp com linhagem britânica mais simples.
Celestion G12T-75 - Desenvolvido para devastar o mundo HIGH GAIN, segura bem o alto ganho e mantem a definição sem soar estridente e abelhudo demais. Cleans definitivamente não são seu forte, mas com agudos um pouco mais redondos ele se comporta melhor que o Seventy 80 em drives mais amenos.  Equipam as atuais caixas inglesas 4x12 da Marshall e são os atuais favoritos de um tal guitarrista neo-classico de origem Sueca. Alguem arrisca um nome ? ;-)



Jensen

Jensen C12K - Parte da linha chamada de "Vintage Ceramic" , vem de fábrica no Fender Deluxe Reverb Reissue que eu tenho. Nunca o testei em nenhum outro amp, mas no meu DRRI é tudo o que se pode querer de um bom timbre classico de Fender, graves e agudos com ampla extensão sem soar moles ou estridentes demais, com uma pitada de médios que da um bom corpo no som. Gostei muito desse falante e confesso que quando comprei o DRRI já estava pensando em colocar um Texas Heat, mas o C12K me fez mudar de ideia. Excelente escolha pra deixar amps Fender um pouco mais versáteis do clean ao Rock. Só não se comporta tão bem com sons muito modernos, pois a extensão ampla de graves e agudos faz com drives mais fortes embolem nos graves e fiquem meio abelhudos nos agudos. É com certeza um falante pra quem quer sons mais Vintage!


Jensen C12N - Mais um da linha Vintage Ceramic, o C12N vem no Blues Jr Tweed e faz milagres nesse amp. O timbre no geral é grande e bonito com graves bem presents e uma extensa linha de agudos, o famoso CHIME de todo Fender. No Blues Jr ele tira a estridência que o Legend 1258 original pode causar e preenche um pouco melhor os médios fazendo ele soar muito bonito especialmente numa situaçào QUASE crunch.
Pootzz, plugue uma Strato direto no blues Jr e seja muito feliz!! No entanto, o mesmo comentário do C12K se extende ao C12N, ele não gosta muito de sons muito modernos.
Com os agudos ainda mais extensos, é facinho que ele fique meio "fuzzii" demais, mas na minha opinião é um dos melhores falantes pra timbres clássicos num Blues Junior. :-D


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Vale lembrar que 99% dos falantes de guitarra devem ser amaciados para que falem seu 100%. O "break-in" período normalmente varia entre 30-40 horas de uso e serve para que o "doping" (aquela cola que encontramos nas bordas do cone) e o "spider" (que liga o centro ao imã) se soltem e passem a trabalhar de maneira mais livre. Dependendo do Amp e Falante o processo de break-in pode resultar em drásticas diferenças de timbre, sendo que os falantes novos tendem a soar com uma ponta de agudos e sem a profundidade de um falante já amaciado. Quanto maior a potência mais tempo para amaciar em geral. Os Eminence de maneira geral tendem a vir mais "duros" de fábrica e abrem mais com o uso que os Celestion, que mudam menos. Alguns fabricantes de amps já fazem um pré amaciamento na fábrica para que o amp já chegue soando bem e existem inúmeras técnicas usadas para amaciar os bichos, mas a melhor ainda é tocar e tocar :-)!

Como podem ver, as experimentações são muitas e as combinações ainda maiores. O melhor jeito de saber o que gosta é testando com seu amp, sua guitarra e sua pegada para chegar no seu som. É um longo porém divertido caminho!! :-)

       

QUEST FOR TONE!!!

Abraço!



PS: (Paulo May): 
Volto a dizer que  a utilização do Amplitube é ideal para fazermos exercícios de timbragens, pois com ele podemos combinar diversos amps conhecidos com alto falantes clássicos. Como soaria um Fender Pro Junior numa caixa/gabinete Vox com dois falantes de 12 polegadas Celestion Alnico Blue? O Amplitube resolve parte do mistério ANTES de arriscarmos o investimento num novo alto-falante :)

Em se tratando de alto falantes, eu não tenho tanta experiência quanto o Oscar, mas acho que já toquei em dezenas, talvez centenas de combinações ao longo das últimas 3 décadas :). O mestre Bruce Egnater uma vez relatou numa entrevista que eles testam praticamente todos os alto falantes (relevantes) do mercado durante a criação de seus amplificadores pra ter a melhor combinação possível. Eu sigo essa regra - que, é importante lembrar, só é aplicável em amps mais caros, onde não há preocupação com a redução de custos e raramente sinto o impulso de experimentar outro alto falante em alguns amps. A prova disso foi a situação que descrevi com o Tiny Terror. Entretanto, o meu Fender Blues Júnior soou mais agradável com o Eminence Private Jack do que o Eminence genérico que vem nele... Já o Mesa Boogie soa geralmente bem (um pouco duro nos cleans pq é de 10 polegadas) com seu próprio falante mas adquire uma outra personalidade com o Celestion - fica na manga...
Tenho uma caixa com um Jensen da década de 60 de alnico só pra utilizar com amps "Class A" de baixa potência quando desejo um som blues absolutamente vintage. O Private Jack também está disponível em outra caixa. Some o Celestion H30 e eu acho que tô razoavelmente bem servido no que vai de blues a hard rock,




domingo, 22 de dezembro de 2013

Alto Falante: ele pode mudar tudo!

      Paulo May




      Como ainda não acabei o post com a demo da Tele de Freijó e o Oscar estava viajando, resgatei um interessante post que fiz no fórum da GP em 2011.


Eu havia acabado de comprar um cabeçote Orange Tiny Terror e quando cheguei em casa ele soou muito mal com 3 alto falantes (alto falante não tem mais hífen, pelas novas regras ortográficas) que eu tinha aqui: Eminence Private Jack (baseado no Celestion Green Back), Fender/Eminence comum e um Jensen Vintage de Alnico, todos de 12 polegadas. Fui obrigado a voltar na loja (Mensageiro Musical) e comprar a versão "combo" simplesmente porque o amp foi "tunado" pra soar melhor com o Celestion G12H (Heritage 30 watts). 




Os médios desse Celestion, um alto falante super clássico, são muito característicos. É o par perfeito para o Orange Tiny Terror

O combo mostrou-se muito prático e o "casal" fica sempre junto :)

         O alto falante é o último elemento físico da geração de um timbre antes que ele chegue aos nossos ouvidos, mas é DETERMINANTE para a sonoridade final. Alto falantes para guitarra enquadram-se na categoria de "woofers", ou seja, não têm os graves profundos e sub-graves (abaixo de 100 hertz já perdem muito da resposta) e geralmente não reproduzem quase nada acima de 6 ou 7 Khz (o alcance do ouvido humano vai de 20 hertz a 20.000 hertz/20kHz). Mas dependendo da construção, bobina, materiais, imãs, etc., a personalidade sonora deles varia muito.

Para um ponto de partida, existe uma distinção primária entre alto falantes com timbre "britânico/british", que possuem uma certa ênfase nos médios (pense em Marshal e Orange) e timbre "americano/american" - nesse caso, o foco é o som "Fender", mais cristalino e com graves redondos.

A fábrica americana "Eminence" produz alto falantes que seguem esse princípio: a linha Patriot tem timbragem americana e a Red Coat, inglesa. Antes que alguém pergunte, a linha Legend é padrão americano também, estilo Fender.

Cada falante tem uma personalidade e cada amp idem. Só temos que combinar muito bem os dois, senão dá briga! :)

Para vocês terem uma ideia de quanto um falante pode mudar o timbre do amp, assistam esse vídeo (amp Rivera Venus 6, com válvulas de saída 6V6):



O falante original do Rivera Venus 6 é o Celestion G12H 30 (um pouco menos médios e mais graves que o V30). Impressionante como alguns "famosos" soaram mal (nesse amp), como os Tone Tubby.
É importantíssimo para nós guitarristas, termos conhecimento, pelo menos básico, das sonoridades clássicas de amps (Fender/Marshall/Vox/Mesa) e de alto falantes. Tão importante quanto madeiras, captadores e pedais. O alcance de frequência da guitarra está predominantemente nos médios, e é aí que temos que trabalhar um timbre...

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Blocos MANARA - esclarecimento

Paulo May /Oscar Isaka Jr.

Natal  chegando, todo mundo cansado, querendo férias... Ainda tenho algumas perguntas pra responder antes de brincar com minhas guitarras :) 

Resolvi colocar num post a minha resposta a uma série de questionamentos (educadamente) feita por um leitor do blog em relação ao bloco Manara para ponte de stratocaster. Segue a resposta e em seguida o comentário/questionamento de leitor:  


"Márcio, nesse post aqui está BEM CLARO que os blocos são PROTÓTIPOS. Na data do post o Carlos nem pensava em comercializar e nós estávamos apenas iniciando os testes. Depois desses testes, duas coisas ficaram definidas: o bloco deveria ser de aço AC e pesado. Mas ninguém disse que o peso deveria ser exatos 315 gramas - o Carlos nem havia pesado os blocos antes - eu que usei a balança de precisão aqui em casa, mais por curiosidade por causa dos blocos de zinco chineses absurdamente leves. Depois os testes continuaram, tentamos inclusive com blocos mais pesados e ficou ainda mais óbvio que o peso não era tão importante quanto o material.

Além disso, eu relatei  ao Carlos que o bloco de 315 gramas era um pouco grande demais, limitava o movimento do tremolo e em algumas guitarras (numa das Fender e numa SX SST, por exemplo), encostava no corpo. Medimos o Callaham (que é bem menor que o protótipo e nesse post aqui eu escrevi que iria medir e pesar o Callaham pra gente se aproximar dele) e começamos a diminuir gradativamente o volume do bloco (mantendo sempre o mesmo tipo de aço). Quando aproximou-se do peso do Callaham, observamos de fato o melhor equilíbrio entre timbre e funcionalidade (confirmando também que o Callaham é realmente mestre no assunto).

Testamos em pelo menos 10 stratocaster diferentes antes do Carlos Manara decidir comercializá-los. Quase no final dos testes, eu sugeri ao Carlos fazer um derradeiro bloco, 1 a 2 mm mais baixo (menor altura) que o Callaham justamente porque algumas stratos chinesas (squier incluídas) são mais finas (vide o meu post sobre o sufoco com o bloco de uma SX:  (CLIQUE)

Ele fez, testamos em 4 guitarras bem distintas e o timbre manteve-se com a mesma qualidade.
Sugeri (e o Oscar concordou) então que ele comercializasse o bloco com essas medidas (iguais as do Callaham mas cerca de 2 mm mais curto). Esses dois milímetros a menos são os responsáveis pelos 25-30 (pelo que me lembro) gramas de diferença de peso entre o Manara e o Callaham. Mas o Manara é muito mais prático, pois cabe em TODAS as stratos do mercado, sem sobras.  A diferença de peso mostrou-se irrelevante. Se fosse importante, não faríamos a modificação.
Pense, entenda a natureza do blog e perceba que tudo o que fazemos e postamos não tem outro objetivo senão conhecer, aperfeiçoar, dividir e ajudar.

Enfim, esse bloco é o que foi finalmente postado como DISPONÍVEL para compra (CLIQUE).
Observe na foto que ele é DIFERENTE do protótipo, no formato e aspecto.
Nem nos passou pela cabeça em colocar o peso final no post porque, primeiro, não era esse o foco e quem acompanhou os posts já sabia que ele tinha peso mais do que suficiente para funcionar, como, tecnicamente falamos, "Bloco de Inércia". Novamente, o Manara e o Oscar nem se preocuparam em pesá-los.

Por isso, meu caro, o "X" da questão, pra nós e pra quem acompanha o blog e leu todos os posts, não é "quanto mais pesado melhor". Se assim fosse, pediria ao Carlos pra fazer blocos de chumbo que ocupassem toda a cavidade do tremolo. Até no post dos protótipos, o foco primário era no material (2 tipos de aço diferentes e zinco).O peso é obviamente importante, mas está implícito que o tipo de material (aço, zinco, latão) vem antes.

Acho que ficou claro que bloco bom é uma questão de equilíbrio entre peso, material e funcionalidade, gerando uma influência específica no timbre final da guitarra. O bloco deve ser de aço (há quem goste do de latão, mas é outro timbre e outro foco) sem chumbo e ter peso suficiente para funcionar como bloco de inércia. Se é 260, 280 ou 315 gramas, não me interessa. Esse blog inteiro prova que o que interessa pra gente é o TIMBRE.

Olha, o Carlos não está ficando rico com isso e acho que está começando a repensar se vale realmente a pena todo esse trabalho.

O blog Louco por Guitarra não tem nenhum envolvimento comercial com absolutamente NADA do que publica, deixa bem claro que só reflete opiniões e experiências pessoais dos autores e postadores convidados e nós também estamos repensado se valem a pena tantas horas perdidas respondendo perguntas muitas vezes óbvias que estão implícitas nos textos dos posts.

Se eu fosse o Carlos, faria um bloco igual àquele protótipo (que apelidamos de "pancadão" e realmente tinha graves em excesso se comparado com o atual), sem acabamento, sem arredondamento das bordas e sem pintura anti-oxidante e te enviaria... Se é isso que tu queres, os 315 gramas.

O Oscar está viajando à trabalho, longe da família, muito cansado e me pediu pra responder essa inquisição. O Carlos me enviou um e-mail, também cansado e querendo saber onde raios foi ESPECIFICADO que o bloco teria que pesar 315 gramas.

Sobrou pra mim. Tava finalizando uma demo da Telecaster de Freijó, já sentindo um pouco de culpa por ter deixado minhas filhas de lado nos últimos dias. Mas parei tudo pra responder as tuas perguntas.

No lugar do post sobre a Tele, vou postar isso. Pelo menos pra todos, (eu, tu, nós, vós, eles) saberem que não é fácil também pra gente.
Se não quiseres mais o bloco Manara, podes mandar pra mim por PAC à cobrar que eu compro. Esse modelo que tens aí tem um aço ainda melhor do que os primeiros blocos.



PS: tenho um bloco Manara e um Callaham aqui já montados nas placas e com os saddles. Pensei: vou desmontar, pesar, fotografar... Mas daí percebi que isso seria ridículo... Nós três batalhamos pra caralho nisso e fomos eu e o Oscar que sugerimos ao Carlos que comercializasse os blocos. Primeiro porque achamos injusto apenas nós termos acesso a um produto de qualidade indiscutível, do nível do Callaham. Segundo, não há compromisso e ninguém aqui é obrigado a nada.

Nós postamos o que vivenciamos - nesse caso, um bloco de aço superior, barato e orgulhosamente feito no Brasil.O leitor está livre para concordar ou não. Questionar ou reclamar como se o blog tivesse um SAC é outro papo. E cansa, acredite.


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Bom dia senhores,

Quero fazer algumas ressalvas sobre esse post e, depois, algumas perguntas.
Depois que vi esse post, que achei muito interessante, decidi entrar em contato com o Carlos e encomendar um bloco dele para uma das minhas Strato, uma American Standard 2008 em Ash. No pedido (tenho arquivado os emails), me referi diretamente a esse post para embasar minha escolha e deixei claro para o Carlos a minha opção pelo bloco de Aço AC de 315g. Pois bem. O pedido foi feito, acertado, encomendado, pago, enviado e entregue. Ok! Legal!
Uma semana depois, finalmente, tive tempo de levar a guitarra no luthier e, enquanto ele terminava de mexer com outro instrumento, ficamos conversando sobre a importância do bloco como uma das peças fundamentais no diferencial do timbre da Strato e etc. Depois do meu comentário sobre o peso do bloco que eu havia acabado de comprar.. o tal bloco Manara de Aço AC 315g.. foi aí que bateu a curiosidade no luthier, e ele sacou uma balança 1g-1kg e pesou o bloco.. surpresa... o meu bloco Manara de Aço AC de "315g".. tem, na verdade, 268g!!! Pra quem estava difamando os blocos de zinco de 245g.. ter comprado um bloco com 20g a mais que o de zinco e 50g a menos do que o que pensava estar comprando.. pensa na cara que eu fiquei frente à balança e ao riso de escárnio do luthier quando ele me disse: "acho que te passaram a perna!". Depois disso, indignado, saí de lá e fui na casa de uma amiga da minha irmã que mexe com jóias e tem uma balança de precisão.. 266g!!! Putz! Fiquei chateado hein..

Bom, pra finalizar a história. Mandei um email para o Carlos pedindo esclarecimentos sobre a discrepâncias entre o peso do bloco encomendado e o entregue.. e eis que ele me respondeu o seguinte: "TODOS os blocos Manara e Callaham têm, em média, 270g!!! O bloco de 315g tem excesso de graves!!! e que o bloco de 315g foi usado apenas para o teste no blog LPG!!!".. eu queria que vcs vissem a minha cara frente a estes argumentos do Carlos.
Respondi a ele dizendo que, em nenhum momento, havia sido mencionado o fato de que TODOS os blocos têm 270g; A minha encomenda era clara no sentido de ter pedido um bloco de Aço AC com 315g, independente de qualquer coisa; E que no teste deste blog, o Paulo May diz que o timbre "ganha corpo e uma grande definição de frequências".. sem se referir a nenhum excesso de graves!!!
Finalmente vêm as minhas perguntas:
1ª - Se TODOS os blocos têm 270g, por que o Carlos mandou dois blocos mais pesados (AC-315g e FN-285g) para o teste?
2ª - Por que não é mencionado o peso real dos blocos da Callaham? Como se pode garantir a semelhança Manara-Callaham?
3ª - E afinal de contas, há excesso de graves ou corpo e grande definição de frequências no bloco de Aço AC de 315g?

Obrigado.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

FENDER American : A missão!





          Depois de um meticuloso planejamento, conseguimos infiltrar um agente do blog na fábrica da Fender em Corona, na Califórnia. Sua missão era descobrir se as guitarras que eles fazem lá são realmente o que dizem por aí ou se existe alguma mutreta escondida!  :)
Depois do post sobre as Fender MIM, nada mais providencial do que um sobre as MIA.

O Rodrigo Rassele, grande amigo meu e do Oscar, que já participou de outros posts do blog (vide a saga das Les Paul), esteve na fábrica da Fender e vai levá-los agora numa tour especial, recheada de fotos e comentários.

Rodrigo Rassele

         Em setembro deste ano de 2013, quando estava viajando pelo litoral da Califórnia, USA, hospedado por uns dias na pequena (e muito legal) cidade de Huntington Beach, decidi visitar a fábrica da Fender na cidade de Corona, ao leste de Huntington.
A fábrica da Fender em Corona é a principal e maior fábrica da marca, onde se localiza também a divisão da Fender Custom Shop.
Lá a Fender possui o "Visitor Center", local onde você compra o ticket para participar da "Factory Tour". O tour custa 10 dólares e tem número limitado de pessoas, no máximo 25. São dois horários, 10hs e 11:30hs da manhã, com duração de 1 hora. Detalhe IMPORTANTE: não abre na quarta-feira, sábado e domingo.
(Nosso agente já disfarçado e pronto para a missão! :)

Minha visita foi às 10 horas de uma segunda feira, por sorte minha com o manager Dave Brown, num grupo de 15 pessoas (7 americanos, 2 australianos, 4 alemães e claro, 2 brasileiros). Interessante que ele começou dizendo que essa é a estatística de visita, 50% em média são pessoas de outros países, sendo isso o maior orgulho da fábrica.
Depois cheguei à conclusão óbvia que quanto menos pessoas na visita melhor. Na das 11:30 só tinha uma (!!) pessoa...




Tudo começa no "Centro de Visitantes" que é também uma loja onde podemos comprar quase tudo que tem o nome Fender. Mas voltaremos aqui depois. Agora, direto para dentro da fábrica...

         A visita é bem completa e detalhada, passando por todas etapas de fabricação de uma guitarra. Começa mostrando como são feitas as pontes, tarraxas, todo processo dos captadores, blocos de madeira, tipos de madeiras, corpos, braços, modelos de guitarras, pintura, acabamento, montagem, regulagens, terminando na divisão "Custom Shop" da fabrica.
Toda visita é feita com as pessoas trabalhando e as máquinas funcionando. Para um louco por guitarra é simplesmente fantástico! Imperdível!


Seção de processamento das madeiras

Porém uma coisa tem que ser dita: apesar da visita ser super organizada e com pessoas educadas e civilizadas, é muita informação e você se perde querendo ver tudo, tirar foto, ouvir as explicações, fazer perguntas e ouvir as perguntas dos outros.
Nosso "guia", o Dave Brown, sabe MUITO sobre TUDO e tudo que ele falava era muito interessante - soltava muita informação preciosa e aí ficava mais complicado ainda. Alem disso, sua sinceridade era absurda.

Dave Brown em ação :)

Peças clássicas da Fender


Aqui estão os "Neck Profiles" - padrões de braços clássicos e utilizados por artistas, como Mark Knopfler, Dave Murray e Jim Root


Grande parte do hardware é produzido na própria fábrica (aqui, os blocos de ponte de strato).


Os captadores também são feitos na própria fábrica...


Dave Brown mostrou a madeira furada (foto acima) e disse que atitudes como essa, infelizmente, estão se tornando cada vez mais comuns fora e dentro dos USA para tentar driblar a qualidade ruim de certas madeiras (alguém gritou "Gibson" aí? :) ). Disse que no passado a Fender já usou de artifícios para alivio de peso, porém hoje (mostrando em seguida a peça de ash) ela se esforça ao máximo para selecionar sua madeira e não fazer isso. 
Saiba mais sobre alívio de peso aqui (clique) 

Em seguida, com um belo blank de ash nas mãos...


         São muitos detalhes... Se eu fosse colocar tudo aqui esse post ficaria gigante. Isso daria uma conversa de bar por horas. A explicação de Dave para as diferenças entre as Custom Shop Regular, Signature, Limited Series e Masterbuilt foi muito interessante mas vamos deixar pra outra ocasião... :)

Quero manter o foco e ressaltar algumas coisas importantes que observei e escutei:

1) - Nesse tour você sai com a certeza que NADA ocorre ao acaso na fabricação de uma guitarra Fender. Absolutamente tudo é pensado.  Eles sabem exatamente todos os pontos fortes e os pontos fracos em cada guitarra produzida, com certeza absoluta.

Blocos de maple para os braços

 Aqui já cortados (por uma CNC) e sendo lixados


2) -  Não vi nenhum bloco de madeira ou corpo em 7 peças. Aquilo deve ser coisa das mexicanas mesmo.

Aqui, vários blanks de corpos com blocos colados. A maioria com 3 peças, mas se olharmos bem, há alguns de duas e até de peça única...

Corpos exclusivamente de peça única - vão para a Custom Shop, provavelmente...



3) - 90% dos funcionários devem ser de origem mexicana/latina, pois o Dave sempre falava espanhol com eles.
 Funcionários lixando os corpos para a pintura posterior.

Após a pintura, centenas de guitarras ficam (literalmente) penduradas no teto enquanto secam. A imagem é impressionante...


Montagem da parte elétrica de uma stratocaster.


4) -  Quando perguntado, "Qual a parte mais importante da guitarra?", Mr Dave respondeu com grande sinceridade:  "Prefiro responder qual a parte mais importante da fábrica: o controle de qualidade do produto final. Ele depende de recursos humanos e vários fatores podem alterar o humor de um ser humano...."

Sim, um ambiente de trabalho com controle de stress deve ser essencial... :)

 Seção de montagem, regulagem e check-up final


Série de fotos mostrando a seção de montagem, regulagem e check-up final das guitarras. Daí, elas seguem para o empacotamento e estoque (foto abaixo):



5) - Outra resposta muito interessante a uma pergunta de um alemão. "Por que algumas Custom Shop são tão ruins?" . Pra minha surpresa ele responde: "Essa é uma pergunta muito comum. São vários fatores, mas se tiver que dizer apenas um, citaria a madeira. Nunca se sabe o que esperar de um bloco de madeira. Hoje em dia a Fender trabalha duro para evitar isso, no passado já foi pior...."



Uma boa guitarra SEMPRE começa com boas madeiras...

6) - Eu tinha uma impressão pior em relação às Custom Shop. Achava que não passavam de guitarras com material de qualidade superior, porém hoje em dia feitas em série, sem maiores cuidados. Estava enganado.
As Custom Shop ainda têm um cuidado bem individualizado na sua fabricação, recebendo muita atenção e preocupação pelos luthiers.
Na sequência abaixo, fotos da Fender Custom Shop:



Fender Custom Shop

Porém, o "filé mignon" hoje são os modelos Custom Shop Masterbuilt (clique aqui para um post relacionado). São feitas de matéria prima escolhida a dedo por somente um luthier master, que monta e faz o acabamento individualizado de cada guitarra, que recebe um numeral diferenciado. São únicas e exclusivas, feitas por quem conhece todos os segredos de cada modelo de guitarra Fender e de cada material usado.
Considero hoje, uma guitarra Fender CS Masterbuilt mais selecionada e exclusiva do que até uma Gibson LP Collector's Choice.

 Master luthier da Fender mostrando uma Jazzmaster Custom Shop desenvolvida por ele naquele mês.

Dave Brown segurando uma réplica da famosa "Blackie" de Eric Clapton, uma das Custom Shop mais vendidas em todos os tempos.

Terminando a visita à fabrica, vale a pena perder pelo menos uma hora na "Fender Visitor Center". Tem várias guitarras expostas, hall of fame, produtos à venda, lembrancinhas, etc.


Guitarras únicas e exclusivas feitas pelos master luthiers. Pura arte! :)

"Lenny" (Steve Ray Vaughan)


Tem uma sala (com corpos e braços de guitarra, captadores, escudos etc) onde você pode escolher, comprar e um luthier monta pra você na hora. Vejam:



Podemos escolher entre os inúmeros corpos e braços disponíveis na sala:
 Braços...

E corpos para todos os gostos...


Essa linda Stratocaster abaixo tinha sido recém montada pelo luthier:

No detalhe: a folha com o pedido do cliente, que especificou a cor (Aged Pearl), o perfil do braço (Eric Johnson), hardware dourado e case de "Tweed". Dá até pra ver o preço estimado: US$ 1.599.


Tem ainda uma outra sala, com TODOS amplificadores da linha Fender, e TODOS modelos standard de guitarra onde você pode testá-los à vontade e em volume muito alto se quiser:


Sala de testes do Visitor Center. Fique à vontade! :)


         Então fica a dica para os guitarristas que forem viajar para Califórnia e passarem pela região de Los Angeles: 40 minutos de carro e você chega facilmente em Corona, na fábrica da Fender.
O passeio é muito legal para guitarristas e até pra quem não toca guitarra, minha esposa foi junto e gostou muito.
Rodrigo Rassele

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O Rodrigo é um cara muito esperto, prático e bastante pragmático. Já o convidamos outras vezes para postar aqui porém ele quase nunca tem tempo... :)
Mas quando ele mencionou pra gente que iria visitar a fábrica da Fender em Corona, imediatamente exigimos um post com fotos e, principalmente sua impressão pessoal da visita. Se tivesse qualquer coisa estranha ou suspeita por lá, ele era o cara ideal pra descobrir! :)