sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

O Mistério do Braço de Maple...

Paulo May


         Infelizmente não consigo parar com meus experimentos de madeiras brasileiras - e olha que essa desistência já foi anunciada aqui várias vezes... :)
O Brasil é conhecido pela infindável variedade e qualidade de suas madeiras mas minhas tentativas de utilizar algumas delas em corpos de guitarras - principalmente stratos e teles - foram frustrantes, pra dizer o mínimo. O Cedro de longe foi o mais tentado e sempre, invariavelmente, mostrou-se abaixo das expectativas, independente do tipo de guitarra. Não tem a complexidade e o equilíbrio do alder ou do ash americanos. No ano passado consegui alguns bons resultados com 2 teles e uma strato (hardtail) de marupá. E também uma Tele de Freijó, que estava indo pro lixo mas acabou funcionando num golpe de sorte. Entretanto, o Freijó ainda está um pouco aquém das madeiras clássicas americanas.

Não pretendia mais utilizá-las, mas durante esse tempo, uma madeira em especial, o Angelim, duro, pesado e teoricamente inadequado para guitarras, não me saia da cabeça. Já bem acostumado com a sonoridade do Marupá, quase legal, mas com um pentelho a mais de graves e outro pentelho a menos de punch de médios, imaginei que um corpo com um centro de Angelim e laterais de Marupá pudesse funcionar. Meu luthier Inaldo já havia me falado o que eu imaginava do Angelim - muitos médios...

Eu tinha uma Telecaster HH (H/P90) de Cedro com top de 1 cm de Marfim que sempre soou daquele jeito "Cedro": meio fechado, sem ressonâncias claras e um buraco nos médio agudos (por volta de 1,8kHz). O Marfim não acrescentou absolutamente nada ao cedro e o Marfim, na minha opinião, é uma madeira superestimada pelos luthiers brasileiros. Inútil.

Essa era a Telecaster de cedro/marfim com braço de maple:


Enviei um e-mail para o Adriano da RDC Guitars de Belo Horizonte e com a eficiência de sempre, em uma semana eu estava com esse corpo de Angelim/Marupá aqui em casa:


Tive o cuidado de gravar a Tele de Cedro/Marfim antes de transportar tudo dela para essa de Angelim/Marupá porque como sempre falei e insisto, a única maneira fiel de comparar dois ou mais timbres é com gravações idênticas. A nova Tele ficou assim:

Inicialmente, mantive o P90, mas ele continuou soando muito gordo e troquei-o por um single de strato Rosar, muito melhor nesse setup. As gravações porém, foram todas feitas utilizando apenas o humbucker da ponte (Custom Alnico V, 8,5k).
Comparei as duas gravações e tudo que faltava na Tele de Cedro: brilho, estalo, dinâmica, apareceu bem mais evidente na de Angelim. Pensei: "Hum, encontrei uma combinação muito legal!"

Entretanto, havia um problema com o braço de maple - quando eu o modifiquei, de um "C" gordo para um "V" típico dos anos 50, devo ter lixado inadvertidamente apenas um lado do assoalho que acopla no tróculo e ele estava com um decaimento horizontal - compensado pelo Inaldo com uma folha fina de madeira (foi ele quem envernizou o braço e o instalou). Como tinha um outro braço de Tele aqui, de maple mas com escala de rosewood (irmão do mesmo braço que resolveu a tele de Freijó), coloquei-o e a guitarra ficou até mais interessante no visual.
Mas daí veio o choque inesperado: ao gravar novamente essa mesma guitarra de Angelim com o braço de maple/rosewood, metade do que ela havia ganho em relação ao Cedro perdeu-se. Quase voltou a soar como a velha tele de Cedro. PQP! Eu sempre li, já falei aqui, mas nada como um tapa na cara pra lembrar que o BRAÇO É TÃO OU MAIS IMPORTANTE QUE O CORPO!

Ouçam vocês mesmos um fragmento das 3 gravações:

E daí?
Recapitulando: o braço de maple não ajudou a ressuscitar o Cedro zumbi, mas acrescentou brilho e clareza ao Angelim/Marupá. O Angelim/Marupá que parecia uma combinação excelente, quase virou zumbi quando perdeu o braço de maple... Concluo, em termos práticos, que o Cedro continua uma porcaria (exceto para guitarras modernas, com captadores de alto ganho, cerâmicos) e não há santo que dê jeito e o Angelim/Marupá é melhor que o cedro (e o marupá puro) mas depende do maple pra soar claro e aberto...

E, se o caro leitor que acompanha o blog leu esse post sobre a Tele de Freijó, vai observar que o Freijó só funcionou com o braço que não funcionou com o Angelim - ele soou terrível com o braço de maple e quase perfeito com o braço de rosewood/jacarandá. Vai entender...
Outra conclusão paralela é: "Não quer errar/arriscar? Use um corpo de Alder". O Alder é a madeira que mais dá certo em guitarras "Fender" e ponto final.

Não adianta, é quase impossível saber o resultado final de uma combinação braço/corpo sem montá-los e ouvi-los. Se tivesse um pouco mais de saco, colocaria outro braço de maple, pois esse outro braço (medidas, densidade, verniz) poderia não soar igual...

É foda e como disse no post sobre a Tele de Freijó, parece que cada vez eu sei menos. Fico à mercê das afinidades misteriosas das madeiras - PQP!.
Enviei o braço de maple para o Inaldo refazer o assoalho - ficou perfeito e o braço voltou para a Tele de Angelim, que tá soando como deveria agora. :)

         Um último detalhe: o captador do braço, um single Rosar "True Vintage" está soando divino nessa tele de angelim/marupá. O Adriano já sugeriu que eu montasse uma Tele "clássica" com esse corpo e confesso que tô me coçando :). Nessa altura dos acontecimentos, tenho até medo de me arriscar em palpites, mas tudo leva a crer que uma Tele clássica de angelim/marupá (mais leve que a de cedro) deve soar bem melhor que uma toda de cedro (nem pensar), marupá ou freijó. Vamos ver... Com essa novela dos braços é bem capaz de eu me incomodar novamente :)


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Les Paul Junior DC "TV Yellow"

Paulo May


(obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)



Não adianta, eu não resisto à tentação das ofertas na internet :)

Depois que descobri como é fácil e bastante seguro comprar produtos chineses via "ebay" e considerando o fato de que apenas uma das minhas últimas 10 compras foi taxada no Brasil (embora quase todas tenham sido de baixo valor), acabei me envolvendo em mais uma (na verdade duas, porque tem uma outra LP DeLuxe saindo do forno) aventura "DIY".
Após todos esses anos me envolvendo com a parte "luthierística" das guitarras, dá pra reconhecer uma boa madeira e esses corpos e braços chineses de mogno têm me surpreendido bastante. Se é mogno africano (improvável), filipino, das Ilhas Fiji ou de qualquer origem oriental, pouco importa (considerando o preço). É mogno, surpreendentemente leve e de boa qualidade.

Em 2013 adquiri uma Gibson Les Paul Junior single cut e fiquei apaixonado pela sonoridade (P90 Dog Ear) tocabilidade e simplicidade dessa guitarra. É a Gibson mais próxima de uma Telecaster que já ouvi. Tem o charme e a brutal praticidade de uma tele, mas ainda mantém uma personalidade sonora única. É uma guitarra absolutamente "Rock'n'Roll! :)
Essa é a Gibson:
Ela é de 2011/12 e é MUITO provável que o mogno seja fijiano (Ilhas Fiji - já comentei sobre isso aqui - clique). Muito leve e ressonante.

A EDEN guitar parts vende via ebay e através de seu próprio site. Os preços são bons e já havia comprado lá antes. Tudo entregue direitinho e declarado sempre abaixo de 50 dólares (embora não seja muito acima disso :). Prefiro comprar tudo separado e em etapas pra não chamar muito a atenção, mas recomendo, quando alguém quiser comprar braço e corpo, fazê-lo numa compra só pra evitar discrepâncias na colagem/montagem da guitarra. Comprei o braço antes e só depois resolvi comprar o corpo - o que gerou algumas incomodações para o Inaldo, o meu luthier, mas o cara é fera e a colagem e entonação ficaram perfeitas.
Aqui, o corpo e o braço antes da montagem:
O encaixe parece ok, né? Mas não tá correto. O Inaldo teve que fazer algumas de suas mágicas ali :)

         Por uma questão de economia, os chineses costumam fazer a "colagem espanhola" no braço. Isso não me incomoda e, tirando apenas o fato de não ser o padrão Gibson, essa manobra realmente acrescenta resistência ao braço. Umedeci um pouco a região da colagem para vocês verem o detalhe:


Pois bem, a cor teria que ser "TV Yellow" - um amarelo meio pálido que foi criado nos anos 50 porque o branco gerava um brilho muito intenso nas TVs preto e branco da época. As guitarras "TV Yellow" passavam por brancas, sem os reflexos :). Achar a cor é que foi foda. Há dezenas de variações atuais, indo desde o amarelo gema de ovo até o quase bege. Conversei com o Inaldo e usamos o tom de uma Gibson original que achei na internet.

Como tinha um jogo de tarraxas Sperzel com trava e um P90 DogEar do Rolph (sim, do próprio), utilizei-os nessa guitarra. Eu havia colocado o Rolph na LP Jr Gibson e ele soou nessa praticamente idêntico à Gibson. Fiquei de cara... :)

Se eu fosse comprar tudo na EDEN, essa guitarra custaria (sem impostos), cerca de R$ 800. O complicado pra quem quiser fazer isso é a parte do luthier, pois colagem (correta) de braço é uma coisa bem complicada de fazer em casa. Por sorte, meu relacionamento com o Inaldo é excelente e pude negociar com ele o "pacote" de colagem e pintura (nitrocelulose, fininha).
Vamos às especificações dos custos:
1 - EDEN LP Neck Set-in Type Mahogany Guitar Neck 24.75" 24-3/4" Scale Dot Inlay: $59,99 USD +           $35 USD shipping: $94,99 USD
2 - EDEN Unfinished Flat Top Mahogany Set-in Replacement Body for 1959 Les Paul Junior: $120 USD +       $35 USD shipping: $155 USD
      TOTAL braço e corpo:  $249,99 USD x 2,3: R$ 575,00
3 - Se fosse comprar na mesma loja, captador de alnico V (só vendem o par, então sobraria um), ponte e tarraxas seriam mais 150-230 reais. Vamos colocar 200: + 575: R$ 775,00
R$ 775 sem o acabamento... Mesmo que chegasse a 1.200-1.500 reais acrescentando o trabalho do luthier, ainda seria um belo preço :)

Outro excelente lugar pra comprar (china/ebay) - e foi onde eu comprei o corpo e braço para a minha (quase pronta) Les Paul DeLuxe é aqui (clique para braços) (clique para corpos):



Havia comprado um escudo (igual o da Gibson LP Jr single cut) pra ela mas não sabia que os escudos das Jr single e double cut são BEM diferentes... Ainda não consegui um lugar legal pra comprar o escudo adequado, mas por enquanto fica esse daí, que fiz cortando um balde de lixo de plástico preto :)
Assim como nas Teles e Stratos que monto, meu TOC não aceita um headstock e logo diferentes, então coloquei um logo Gibson porém acrescentei uma tampa de tensor bem distinta (um medalhão antigo) pra sugerir que NÃO é uma Gibson original (mas juro que tá soando como uma) :)
Já tava esquecendo: ela pesa apenas 3kg! :)





PS: havia esquecido que o Adriano Ramos (RDC GUITARS) já está fazendo corpos modelo Gibson para braço colado, de mogno/maple inclusive. Tudo com máquina CNC e o top escavado das LP tá perfeito. Soube disso somente depois de ter me aventurado na China...Tenho um belo top AAAA de flame maple aqui e minha próxima Les Paul será feita na RDC.
Claro, a RDC também faz LPs Jr (de mogno e com qualidade no mínimo igual ou maior que as chinesas) e conversando com ele após esse post, fiquei sabendo que há a possibilidade da gente comprar apenas o braço lá fora, enviar para o Adriano em Belo Horizonte e ele faz o corpo adequado e na medida do braço chinês, evitando as discrepâncias na escala e entonação. Não pretende fazer o trabalho de colagem e montagem - faz o corpo na medida e reenvia pra o cliente finalizar com um luthier da região ou, se tiver coragem e manha, em casa.

Alguns corpos fantásticos da RDC Guitars:





PS2: Já percebi que a Eden tá com pouca oferta atualmente, então passo links de outros locais que vendem corpos e braços "unfinished"/sem acabamento e montagem (clique nos nomes):
Beifang Music Store
Music Maker
mydzyefxy1716

E já que estou passando links de lojas chinesas do e-bay, NÃO recomendo essa:
Friendstore

Realmente, corpos de LP Jr acho que só na Eden por enquanto.  Mas Les Pauls - a maioria com qualidade de madeiras no nível das Epis ou até melhor, tá cheio. Digite na pesquisa do ebay "unfinished guitar body neck" e vá à caça. Volto a chamar a atenção para sempre tentar comprar kits "casados" - as chances de incomodações são menores... :)




quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Castelli Strat Model

Oscar Jr.

          O post de hoje é um tanto complicado de escrever. Quem nos acompanha sabe que somos meio (ahhahahahaha) puristas com relação a timbres e gostamos das coisas clássicas como elas foram originalmente concebidas  No entanto, tanto eu como o Paulo temos nosso lado experimental e gostamos de explorar novos rumos, desde que a santíssima trindade (Strat/Tele/LesPaul) exista ! rsrsrs



Brincadeiras à parte, há mais ou menos dois anos fui à oficina da Castelli como de costume para bater um papo com o Tom (luthier Tom Castelli) e acho que comprar algumas peças quando ele me mostrou um bloco de peça única de Alder que ele tinha guardado. Conversamos um pouco mais sobre as diferenças de um corpo em peça única e etc... deixei pra lá e vim embora.


Alder 1 Peça
Meses mais tarde, numa mesma conversa ele me contou que estava começando a planejar uma linha própria de instrumentos e que os designs já estavam sendo feitos, me mostrando os desenhos do modelo Strato. O modelo seguia basicamente o padrão Fender, porém com algumas leves diferenças nas formas mas achei lindo e na hora me veio a imagem daquele bloco em peça única.. POOOTZZ era o que faltava pra minha GAS ir a mil e eu acordar com ele que faríamos a Strat. O preço na época ficava um pouco mais baixo que o de uma American Standard e como eu estava no mercado por uma BOA strat, fechamos.

Ok Oscar, mas uma Partscaster dessa que vc's montam não é a mesma coisa? Digo, não vai dar o mesmo som de Fender Strato que no final é o objetivo? A resposta é SIM e NÃO. Por que fazer uma guitarra Custom com um luthier de sua confiança? No meu caso, acho que um instrumento custom feito pra VOCÊ, onde você participa de todas as etapas desde as escolha das madeiras, etc., é  uma experiência realmente muito legal e gratificante desde que o professional escolhido para o trabalho seja qualificado para tanto.

Com o Tom a gente participa de tudo. Ele discute e explica todas as opções e as escolhas são feitas em comum acordo sempre num service 100% customizado. Realmente não há 100% de certeza que o resultado final vai ficar bom, afinal madeira é madeira, mas é difícil uma guitarra BEM CONSTRUÍDA com madeiras bem secas e selecionadas soar morta. Quem já fez instrumentos com um BOM Luthier sabe do que eu estou falando, e mesmo eu sendo fã assumido de Fender, Gibson e todas as marcas famosas, tenho que admitir que um instrumento Custom pra VOCÊ é uma experiência diferenciada.


Uma Stratocaster não tem lá muito mistério na sua concepção, sendo o corpo de Alder, com braço em maple e escala de rosewood ou maple as combinações clássicas. Combinamos que manteríamos as madeiras mas do ponto de vista de construção, sempre existem detalhes que achamos que podem ser melhorados e implementados.

Notem a quantidade de veios entre as peças
Escolhemos o bloco de Maple (Hard Rock) para o braço, sempre optando pelo maior número de veios para dar mais resistência mecânica, e consequentemente transferência de vibrações. Há um ditado que diz que "o timbre da guitarra nasce no braço e amplifica no corpo" mas sempre achei que o conjunto tem que estar "conversando" muito mais do que atribuir ao braço e/ou corpo a maior responsabilidade. Agora um braço bem construído e que não empene/torça é sempre bem vindo e pra isso o Hard Rock Maple ajuda muito. Abaixo os blocos que escolhemos, "Plain Sawn" para manter a característica clássica. :-)



      Uma das modificações que o Tom faz em guitarra tipo Super Strat (Jackson Ibanez e etc) é a adição de 2 parafusos (aos 4 já presentes) por baixo do neck plate. Com mais dois parafusos puxando o braço contra o corpo, aumentamos a pressão de contato e consequentemente a transferência das vibrações do braço para o corpo. Com isso percebe-se um aumento do corpo do ataque das notas, que vem com um pouco mais de médio/graves. Já havia feito essa mod na minha finada Jackson e realmente o efeito é pra melhor, por isso o braço da Castelli Strat é fixado com 6 parafusos, mesma técnica usada pela Music Man. O Neck Plate de aço inox é para garantir que a pressão seja distribuída igualmente e o mesmo não afunde como acontece nos tradicionais de Zinco da Fender.





O braço é realmente a parte mais delicada do instrumento, pois está sujeito a empenos, torções e outros eventos que podem comprometer a tocabilidade. Visando aumentar a resistência do mesmo e deixá-lo menos susceptível aos efeitos do tempo, o Tom utiliza uma escala mais grossa nos seus braços. O Jacarandá é uma madeira bem dura e resistente e serve de reforço caso o maple se movimente com a tensão. É quase como implementar aquelas hastes de grafite que o Eddie Van Halen usa para reforçar os braços da EVH Wolfgang, mas na escala. Isso gasta mais madeira? Sim, especialmente o jacarandá que é caro e raro, mas segundo o Tom garante uma maior estabilidade do instrumento. Ele gosta de utilizar uma escala 2 mm mais grossa (7mm) que normalmente utilizado pela Fender (5mm).





       O conceito é aproveitar a excelente resistência mecânica do jacarandá  (baiano, comprado ainda nos anos 80 quando era legal) para ajudar na estabilidade do braço, diminuindo torções e empenamentos e segundo o próprio Tom, depois que começou a usar essa prática (também aplicada às outras escalas como de maple, ébano, etc.) na fabricação de seus braços, os empenamentos/torções mais acentuadas praticamente zeraram. A escala mais grossa de jacaranda parece acrescentar um pentelho de graves quando comparada às minhas outras Stratos, mas é difícil de quantificar com certeza se foi por isso ou algum outro fator no conjunto total. É o mesmo tipo de graves/complexidade que observo quando comparo um braço all maple com um com escala de Rosewood, por isso a minha "dedução", mas não dá pra afirmar com 100% de certeza.

Usamos trastes jumbo e escala 10" e decidi pela ponte Gotoh 510 SB, que é top de linha da marca com 2 pivôs para uso eventual da alavanca e, claro, "Steel Block".

         Depois de pronta e montada passei uns meses testando alguns captadores e pude perceber como uma guitarra "nova" é meio mutante. Parece que com o passar do tempo, a vibração das cordas ao tocar vai fazendo algo com a madeira e o som... Sei lá, pode ser coisa de louco mas essa Strat demorou uns 6 meses pra "assentar" e ficar consistente na sonoridade. Já li em vários lugares relatos de que uma guitarra pode demorar até um ano para que a tinta cure totalmente, as partes vibrem de maneira consistente etc.  No primeiro mês ela soava meio aguda e só depois começou a amaciar e soar como uma Strato deve. 


Escolhemos para o acabamento uma finíssima camada de verniz PU translúcido laranja (eu queria o visual de uma Fender Custom Shop TransOrange ) com escudo Mint-Green com 3 camadas.


Nem preciso dizer que curti muito o resultado. O som é 95% tradicional, talvez um pouco mais (uns 10-20%) de corpo e profundidade nos graves e ataque (mais rápido/seco e presente) comparando ao que normalmente encontramos numa Fender Strato Standard, mas 100% com o DNA clássico. O corpo de apenas uma peça de Alder não pareceu ter adicionado muita coisa na receita além da estética, mas o grande diferencial pra mim é a pegada, já que o braço foi modelado passo a passo para a minha mão. Realmente uma guitarra que nunca mais sai da coleção! :-)

                         

Quem quiser conhecer mais sobre o incrível trabalho da Castelli pode entrar no site www.dicastellis.com.br onde há muitas fotos e informação sobre a empresa que há mais de 25 anos constrói guitarras e baixos realizando sonhos de muita gente aqui em Curitiba.

Abaixo, um vídeo com sons da Castelli em duas configurações de captadores, o CBS 64  e os Vintage Noiseless do Sérgio Rosar. Gravei esses vídeos na época que ainda tinha a JR Guitar parts (que não existe mais). O amp é o meu Mesa Boogie Mark V. Dá pra sacar bem o DNA sonoro dela, mesmo com captadores tão diferentes!



Acredito que esse ano ou ano que vem a Castelli deverá lançar uma linha de série de guitarras que, segundo o que conversei com o Tom, vai seguir o shape básico dessa Strato e dos modelos do endorser André Hernandes. Já estou programando com ele uma entrevista nos moldes da que fizemos com o Sérgio Rosar. Vamos ver se vai dar certo!!

PS: Vale lembrar que este Blog não tem QUAISQUER afiliações comerciais com nenhuma das marcas aqui apresentadas. O que comentamos é 100% baseado nas nossas opiniões e experiências pessoais.