domingo, 26 de abril de 2015

Saddles (carrinhos) – o que são e como entendê-los.

(obs: antes de fazer perguntas e ou postar comentários, leia aqui: CLIQUE)





         O Mauro Tanaka, grande amigo meu e do Oscar, é luthier e guitarrista. Nos conhecemos no finado fórum da Guitar Player anos atrás e já pedimos várias vezes para ele um post aqui no blog. Enquanto o Tanaka não faz um especial (que tal um sobre o sistema do Buzz Feiten?), aproveitamos e roubamos o post que ele fez pra Santo Ângelo, sobre saddles.
Então, com vocês, Mauro Tanaka!

Mauro Tanaka




          Os saddles, ou carrinhos, são responsáveis em primeiro lugar, pelo principal ponto de apoio das cordas que irão definir junto com o nut, o comprimento da escala do instrumento (é uma longa história esta que deverá ser contada posteriormente em um post específico).

Este comprimento de escala é responsável pela entonação (afinação) do instrumento. Portanto, quando alguém diz que precisa ajustar as oitavas do instrumento, está se referindo à distância entre o nut e o saddle. Como o nut é fixo, a única opção de ajuste é realizada através dos carrinhos da ponte. Alguns violões possuem o rastilho com “dentes”, que são responsáveis pela compensação da entonação do instrumento.

Como ponto de apoio das cordas, é muito comum que as ocorrências de quebras das cordas aconteçam nesse ponto e por isso é necessário estar sempre ligado nas condições do local aonde as cordas irão se apoiar. Verifique sempre se não está afiado (pontudo) ou com excesso de oxidação.





Outra ocorrência comum é a instabilidade da afinação na execução de bends ou alavancadas em pontes do tipo móvel (trêmolo) dada por conta do atrito entre a corda e o saddle. Logo, manter a superfície do carrinho limpa e o mais lisa possível irá prevenir a quebra prematura das cordas e ajudará na estabilidade da afinação.











No mercado existem opções de carrinhos com rolamentos e outros feitos de grafite, que são uma verdadeira revolução na prevenção de quebras e auxilio na estabilidade da afinação. Muitos desses detalhes estão descritos no ebook SANTO ANGELO “A Saúde da Guitarra” que você baixa gratuitamente clicando aqui.





Um fator importantíssimo sobre os saddles, incluindo os carrinhos e o rastilho dos violões, é que eles são responsáveis pela transmissão da vibração das cordas para o corpo do instrumento. Logo, a preocupação com o material de que são fabricados deve ser também levada em consideração.
Um rastilho de plástico irá transmitir a vibração de maneira diferente de um fabricado em osso ou um de Teflon. Um carrinho de guitarra modelo Telecaster fabricado em latão (liga de Cobre e Zinco), terá efeito diferente de outro fabricado em ferro fundido. Assim, podemos ficar debatendo por intermináveis horas de conversa sobre o que é melhor, o que possui o timbre ideal para cada músico.


         Faço aqui o aparte sobre um erro comum que costumo corrigir em minha oficina em relação aos violões e guitarras com pontes do tipo Tune-O-Matic. No afã de tornar o instrumento mais confortável, o músico tem o raciocínio lógico de abaixar as cordas lixando o rastilho, sem atentar que sendo ele responsável pela transmissão da vibração das cordas para o corpo do instrumento e para o captador de rastilho (quando for eletrificado), existe um ângulo entre o rastilho e a fixação das cordas no cavalete que precisa ser respeitado. Caso contrário, haverá uma perda considerável de “pressão” sonora pela falta de tensão aplicada à corda pelo ângulo já citado acima.



Além disso, eles são responsáveis também pelo ajuste da altura das cordas (o ajuste da ação das cordas passa por um conjunto de outras ações além do simples subir e descer dos carrinhos da ponte) e por um ajuste muitas vezes ignorado por muitos, que é o acompanhamento da curvatura da escala.














É comum nos instrumentos, com trastes e cordas, um certo “buzz” (ruído das cordas de metal se chocando com os trastes também de metal). Existem vários ajustes que solucionam 90% desses ruídos e os outros 10% são considerados aceitáveis. Uma das causas comuns desse Buzz em excesso é justamente a falta de observação entre a curvatura da escala (fábricas e modelos de instrumentos diferentes possuem curvaturas ou radius diferentes) e dos saddles. Se tivermos por exemplo uma guitarra como uma Fender Telecaster dos anos 50 cujo o raio é bem acentuado, arredondado e a ponte estiver com os carrinhos arranjados de forma plana, as cordas centrais irão se chocar com a escala e os trastes com facilidade.


Acredito que as informações básicas sobre este importante componente do seu instrumento estão contidas neste texto. Evidentemente que por conta do espaço e do tempo, informações mais avançadas foram deixadas para uma próxima oportunidade, bem como as minúcias sobre os ajustes de cada possibilidade que os saddles nos proporcionam (altura das cordas e entonação) e como reparar saddles danificados.






Tanaka Guitar Tech – Sorocaba – SP
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